O botulismo é uma doença grave e rara causada por infecção pela bactéria Clostridium botulinum. Este micro-organismo dá origem à toxina botulínica que, em contato com o corpo humano, age como um veneno que atinge o sistema nervoso central e provoca paralisia muscular. A situação pode levar a uma parada cardiorrespiratória e colocar a vida do paciente em alto risco.
A C. botulinum é encontrada normalmente no solo, fezes de animais e alimentos. Em geral, a infecção em seres humanos se dá pela ingestão de alimentos contaminados. Pela ausência de oxigênio, produtos em conserva são o principal local para o desenvolvimento da bactéria. O micro-organismo também pode infectar o ser humano por meio de feridas de forma semelhante ao tétano.
Em adultos, a ingestão da toxina botulínica provoca sintomas entre 12 e 36 horas após o produto ser consumido. Os principais sintomas do botulismo são pálpebra caída, visão embaçada ou dupla, boca seca, dificuldades para engolir, se movimentar e respirar e fraqueza muscular nas pernas. Não há febre em casos de botulismo.
A transmissão da bactéria que causa o botulismo só se dá por ingestão de alimentos e outros contatos diretos com o patógeno. Não há possibilidade de transmissão da doença a partir do contato com uma pessoa infectada. Também não existe risco de se adquirir botulismo por meio de procedimentos estéticos que fazem uso de toxina botulínica, técnica chamada popularmente de botox. Nestas ações, a quantidade de toxina utilizada é infinitamente menor que a taxa capaz de causar a doença.
O diagnóstico do botulismo pode ser feito com facilidade por profissional de saúde habilitado a partir da descrição dos sintomas e avaliação neurológica. Um exame de sangue] pode ser feito para confirmar a doença. No entanto, ele deve ser realizado de maneira rápida pois cerca de oito dias depois da infecção a toxina é absorvida completamente pelos tecidos do corpo e apenas um exame de fezes pode determinar a presença da bactéria.
O tratamento do botulismo requer hospitalização por semanas até que a toxina seja inteiramente eliminada do corpo e uso de respiradores artificiais para manter as capacidades respiratórias do paciente. Caso o diagnóstico seja feito de forma precoce, é possível utilizar o soro antibotulínico para bloquear a ação da toxina ainda na corrente sanguínea. Após o fim da infecção, o paciente, já de volta à casa, deverá receber acompanhamento médico e também de fonoaudiólogos e/ou fisioterapeutas pois precisará reaprender algumas funções como andar, respirar, comer e falar. Todo o processo de tratamento e recuperação é bastante lento.
É muito simples prevenir a ocorrência de botulismo. Alimentos em conserva não devem ser consumidos se estiverem com a embalagem estufada e outros problemas. Para conservas caseiras, recomenda-se ferver os alimentos para matar possíveis esporos da bactéria presente neles. Com relação às feridas, deve-se lavar as lesões com água abundante e sabão assim que o problema ocorra e tratá-las com antisséptico.
O botulismo também pode afetar bebês. Entre eles, a doença guarda algumas características. A forma de contaminação se dá, em geral, pelo consumo de mel com esporos da C. botulinium que, depositados no intestino, fabricam a toxina já no organismo da criança. Por isso, os sintomas surgem até 30 dias após a ingestão da bactéria. No tratamento, não se deve utilizar o soro, pois a toxina se concentra no intestino e não na corrente sanguínea. Por fim, a melhor forma de prevenir a doença é não dando mel para crianças com menos de um ano, pois a flora intestinal é incapaz de enfrentar o agente infeccioso.
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