Cerca de metade das mães optam pelo aleitamento materno. Muitas são aquelas que começam a amamentar e depois abandonam após apenas algumas semanas. As mães não devem, porém, se culpar por não amamentar seu bebê ou contrariar sua vontade e forçarem-se a amamentar. Certas mulheres chegam a pensar que não serão boas mães se não amamentarem seus bebês.
Amamentar é uma escolha pessoal que compete unicamente à mãe. Não amamentar seu bebê não indica que a mãe não é suficientemente boa. Algumas mães simplesmente não estão prontas para amamentar seu bebê. De qualquer forma, a mãe poderá iniciar essa experiência única para ela e seu bebê, e interrompê-la a qualquer momento caso torne-se muito difícil. Por vezes, as mães interrompem ou diminuem a amamentação por razões puramente médicas ou profissionais.
Dar o peito não é fácil. Choro, cansaço e esgotamento são fatores que tornam crescente o grande percentual de mães que desiste. Agentes médicos, muitas vezes mal formados, nem sempre conseguem aconselhar as mães. As complicações da amamentação (dores, abcessos e fissuras) podem assustar as mães. A falta de informação das mães é um freio ao aleitamento materno.
Estresse, cansaço e angústia da mãe influenciam a qualidade do aleitamento e diminuem a produção de ocitocina, hormônio que contribui para a produção de leite. O trabalho de consultora em amamentação surgiu nos Estados Unidos. Os primeiros resultados mostram que a presença de tais profissionais nas maternidades aumentou o número de mães que decidiram amamentar.
O leite materno é perfeito para o bebê porque tem a medida das necessidades da criança. Sua composição evolui junto com as necessidades do bebê e adapta-se progressivamente conforme seu crescimento e desenvolvimento. O leite materno contém todos os elementos nutritivos necessários ao bom desenvolvimento do bebê, como vitaminas, proteínas, carboidratos, sais minerais, ácidos graxos essenciais, ferro etc. O leite materno é facilmente digerido e contém os anticorpos que permitem proteger o bebê das infecções como otites ou nasofaringites e intestinais até que desenvolva seus próprios anticorpos.
O leite materno permite uma redução nas alergias, especialmente em famílias de alto risco, e menor risco de eczemas. O aleitamento materno pode limitar o risco de asma. A amamentação pela mãe pode tornar o bebê mais resistente às alergias ambientais e diminuir o risco de asma.
O leite materno tem a vantagem de estar disponível diariamente, de imediato e em qualidade suficiente e temperatura ideal. Ele permite evitar os episódios de diarreia e tem efeito preventivo contra obesidade. É igualmente econômico porque elimina a compra de leites substitutos. Além disso, reduz o número de mortes súbitas de recém-nascidos. Amamentar constitui um momento de intimidade único entre a mãe e seu bebê.
O colostro é o leite produzido pela mãe entre o 1º e 5º dia após o nascimento. Ele é produzido em pequena quantidade, mas suficiente. É muito nutritivo e cobre as necessidades do bebê. Por último, ele prepara a chegada do leite materno definitivo.
O leite de transição corresponde ao 'fluxo de leite'. Surge uma sensação de calor e congestionamento na mama, que termina após cerca de 24 horas. Ela é causada por um afluxo de sangue e fluído nos seios. O leite materno é produzido entre o 3º e 15º dias após o nascimento. Ele é particularmente rico em lipídios e carboidratos e bastante fluído.
O leite materno chega à sua maturidade ao redor da segunda semana. É produzido pela mãe a partir do 15º dia e contém todos os elementos necessários ao bom desenvolvimento do bebê. A composição do leite varia ao longo de uma mesma amamentação: no começo, contém muita água, é bastante líquido e leve, depois engrossa e passa a conter uma grande quantidade de lipídios, saciando o bebê. A mama se enche de leite antes de cada amamentação e se esvazia depois. As mamas se adaptam à produção necessária a cada amamentação.
O aleitamento materno permite perder mais facilmente os quilos adquiridos durante a gravidez: amamentar aumenta as necessidades energéticas da mãe. Se a mãe se alimentar normalmente, ela perde os quilos acumulados ao longo da gestação. O aleitamento também diminui os riscos de câncer de mama, ovário e colo do útero e de osteoporose.
Amamentar, ainda que somente nos primeiros 15 dias, faz bem ao bebê e à mãe porque permite a produção de ocitocina, hormônio que gera um efeito relaxante e deixa a mãe mais descontraída. É preferível que o bebê mame apenas no peito ao nascer, logo após o parto, mesmo que tenha nascido de cesariana. Isso ajuda no fluxo de leite, muito favorável para o sucesso do parto. Alguns medicamentos são contra-indicados durante o parto.
Nos primeiros dias, a mãe poderá pedir para ter seu bebê mais perto de si, mesmo à noite, e pedir ajuda. Limpe o mamilo com soro fisiológico antes de amamentar. Ao longo do primeiro mês não dê mamadeiras de leite infantil como complemento a menos que seja uma situação emergencial, pois a produção de leite materno poderá diminuir. A amamentação não prejudica os seios, mas é aconselhável usar um bom sutiã nesse período.
Dar o peito ao bebê quando ele tiver fome. Cada bebê tem seu próprio ritmo: certos bebês se alimentam rapidamente, em cerca de cinco minutos, e outros precisam de mais tempo. A maioria dos bebês encontra seu próprio ritmo de mamar. O tamanho da mama não interfere na produção de leite. Uma mulher que precise subitamente de uma cesariana poderá amamentar. Mude de mama a cada mamada, exceto, por exemplo na transição do leite ao redor do 3º ou 4º dia.
É importante amamentar mesmo que rapidamente. A amamentação não é necessariamente mais cansativa que a mamadeira. Não faça intervalos maiores que cinco horas entre cada mamada se o bebê não alcançar seu peso normal.
Uma bomba de sucção de leite pode ser usada. É possível remover o leite massageando as aréolas e conservá-lo na geladeira, a uma temperatura de 4ºC com validade máxima de dois dias. Não deixe o leite materno na porta da geladeira, que não é bem refrigerada. Use um termômetro para checar a temperatura da geladeira. A amamentação pode ser contra-indicada no caso de algumas doenças. Busque o aconselhamento de seu médico.
Uma vez que a amamentação seja feita corretamente, o útero se contrai e a mãe tem a sensação de estar com sede. A mãe experimenta sensações de calor, formigamento, tensão na mama que amamentou. Uma sensação de relaxamento e bem-estar é sentida ao final da amamentação. Já o bebê fica calmo e relaxado após a amamentação. Ele apresenta fezes abundantes, amarelas e irregulares diariamente.
Os seios ficam pesados, inchados e sensíveis nos primeiros dias. Essa situação corresponde ao fluxo de leite, distribua cada amamentação entre as duas mamas. Os bebês crescem muito mais rapidamente com leite materno do que com os leites infantis. Ele tem bom crescimento, como fica evidente na sua curva de crescimento: ele cresce e engorda adequadamente.
A posição em que a mãe e o bebê estão é importante para o conforto do bebê e da mãe, para ajudar o bebê a mamar bem, para evitar o surgimento de fissuras e para que o bebê não puxe o peito nem vire a cabeça para tirar a mama.
O bebê deve abrir sua boca facilmente, sem fazer esforço para pegar e sugar a mama. Algumas mães preferem estar sentadas e outras deitadas. Se ela preferir sentar-se, as costas devem estar bem apoiadas. Nos casos de amamentação deitada, apoie bem a cabeça.
O tamanho da mama não tem nenhuma influência sobre a produção de leite. Os movimentos dos músculos do rosto do bebê devem ser regulares e harmoniosos. Se o bebê não se sentir relaxado, irá interromper várias vezes e voltar a mamar.
Rosto, colo e ventre do bebê devem estar voltados para a mãe, com as costas bem retas e a boca em volta do mamilo. Ele não deve ficar colado ao peito para que possa respirar normalmente. Sua língua deve estar posicionada abaixo do mamilo. Orelha, ombros, quadril e tornozelos do bebê devem estar posicionados na mesma direção. A mãe deve aproximar o bebê de seu peito para permitir ao filho escutar facilmente sua boca mamando. O bebê deve colocar a aréola da mama na boca e não apenas o mamilo.
Nicotina, álcool e alguns medicamentos passam pelo leite da mãe e poderão ser absorvidos pelo bebê. Amamentar é contraindicado para mães infectadas pelo HIV (Aids) se outro modo de alimentação do bebê for possível. Mães com hepatite B ou C precisam de liberação médica para amamentarem.
Uma redução do leite produzido pela mãe, situação bastante comum e que se prolonga por pouco tempo, preocupa bastante as mães. Em geral, depois de alguns dias a produção de leite volta ao normal. Essa fase deve-se frequentemente a um episódio de cansaço. Um bebê que chora pode estar expressando que não mama o suficiente. Para superar a queda na produção de leite, a mulher deve repousar bastante, beber água e dar o peito com maior frequência. Quanto mais o peito for estimulado, mais leite ele produzirá.
Às vezes as mamas entopem porque o leite não consegue circular adequadamente pelo mamilo. As mamas ficam retesadas, duras e doloridas. Um bloqueio das vias mamárias não deve levar à suspensão da amamentação. Nesses casos, o ideal é não reduzir a frequência ou duração das mamadas, amamentar à vontade para estimular a produção de leite e não fazer intervalos muito longos entre cada mamada.
Outras alternativas são usar um sutiã que não seja muito apertado para evitar a compressão dos canais que podem interferir com a remoção do leite, amamentar primeiro na mama bloqueada e evitar dormir de bruços. Além disso, tomar uma ducha quente pode ajudar a descongestionar as mamas. No banho, esvazie as mamas, massageando-as, por exemplo, de cima até o mamilo, sem estimular a aréola. Repouse ao máximo e relaxe. Consulte o médico se o bloqueio persistir.
Um bloqueio das vias mamárias pode provocar uma linfangite, que se manifesta por meio de placas vermelhas e quentes sobre os seios e ocorrência de febre e requer uma consulta médica. Não tente retirar o leite da mama, isso pode realmente gerar um alívio pontual, mas é a estimulação dos seios que fornecerá maior quantidade diária de leite.
As fissuras são frequentemente provocadas por uma má posição do bebê para mamar. Não estenda demais a mamada, enxugue as mamas após cada mamada, limpando a saliva do bebê, não lave os seios com muita frequência e mude a posição do bebê. Assim que as fissuras aparecerem, é aconselhável utilizar discos protetores de silicone sobre os seios a cada vez que ficarem molhados. Não interromper a amamentação. Consultar um médico se as fissuras sangrarem para buscar um tratamento
A mastite é uma inflamação de uma ou das duas mamas. Seus sintomas são inflamação da área afetada, dores musculares, febre e cansaço. Diante de sinais que indiquem uma mastite, é necessário consultar rapidamente um médico para iniciar um tratamento antibiótico e antifúngico.
É importante manter os bons hábitos alimentares adquiridos na gravidez. Todos os alimentos são permitidos, mas é bom evitar alguns como soja e alimentos à base de soja, bem como os complementos alimentares, pois eles contêm fitoestrogênios que passam ao bebê pelo leite materno e podem ter efeitos colaterais. Produtos que contenham fitoesteróis (margarina, bebidas lácteas, iogurtes), devido aos riscos eventuais para o bebê e a mãe, e amendoim, devido à alta incidência de alergia a este grão, também são contraindicados.
Beber muita água, de 2 a 3 litros por dia, é fundamental porque as necessidades de hidratação aumentam durante o aleitamento já que o leite é constituído principalmente de água. Também é bom lembrar de não salgar as refeições e diminuir o consumo de café e chá mate, pois a cafeína e a teína passam para o leite. Beba, no máximo, três xícaras de café por dia. Não faça dieta sem aconselhamento médico e, ainda mais importante, não consuma álcool ou fume durante o período de amamentação.
O desmame é uma mudança importante para o bebê e sua mãe, mas não há regras quanto ao momento do desmame. Ele pode ocorrer quando a mãe estiver cansada, não puder mais amamentar por falta de tempo ou de leite ou quando ela não se sentir mais confortável. O desmame deve ser feito progressivamente para permitir que as mamas se adaptem e não ocorra bloqueio das vias mamárias.
A primeira mamadeira pode representar uma etapa difícil para a mãe e seu bebê. A mãe sente-se angustiada por dar a primeira mamadeira. Alguns médicos recomendam que o pai faça isso pela primeira vez. Não faça o desmame abruptamente, é preciso habituar o bebê à mamadeira e secar a fonte de leite materno para evitar que as mamas fiquem doloridas.
Exemplo de desmame de bebê amamentado cinco vezes ao dia: retire uma mamada de cada vez. Comece pelas mais abundantes, aquelas que duram mais, para depois retirar a da noite e, por último, a mamada matinal. Faça um intervalo de sete dias entre cada mamada retirada para que o desmame ocorra ao longo de cinco semanas. Busque um médico, o único que poderá recomendar o tipo de leite que corresponda às necessidades do bebê e que vai ajudar a planejar o desmame.
Uma mãe que precisa retornar ao seu trabalho deve prever o desmame progressivo de seu bebê para que essa etapa não ocorra muito abruptamente. É necessário prever um período de cerca de duas semanas para substituir gradualmente uma mamada por uma mamadeira a cada dois dias e só depois diariamente.
É possível continuar a amamentar o bebê à noite, ao retornar do trabalho, e dessa forma manter por um bom tempo, para felicidade da mãe, a mamada da manhã e/ou da noite. Também, pode-se usar uma bomba de sucção e coletar leite para que outra pessoa possa dar ao bebê com uma mamadeira ao longo do dia.
O aleitamento misto é um modo de aleitamento que associa o leite materno e mamadeiras de leite em pó. Essa prática geralmente é utilizada por mães que amamentam mas precisam trabalhar após o fim da licença-maternidade. Elas podem prosseguir amamentando de manhã e à noite. Manter a qualidade do leite materno depende de um número suficiente de mamadas cotidianas. É aconselhável optar pelas mamadeiras que apresentam maior semelhança com o bico do seio da mãe para que o bebê se adapte ao modo de aleitamento misto.
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