A dor do crescimento é uma sensação dolorosa recorrente, sem causa específica, que ocorre na fase crucial de desenvolvimento físico das crianças, especialmente entre os 3 e 8 anos. Estatísticas apontam que 5% a 15% da população infantil enfrenta o problema ao menos uma vez na vida.
Há várias teorias mas nenhuma possui confirmação científica definitiva. A mais aceita é a de que os ossos sobrecarregam músculos e tendões por crescerem mais rápido que eles. Há também pesquisas que apontam relação com fadiga muscular provocada por excesso de atividade física e brincadeiras que demandam exercício físico e agravada por estresse, tanto escolar quanto em conflitos dentro de casa. Outra hipótese é que o sintoma seja hereditário, uma vez que, na maioria dos casos, os pais também já passaram pelo mesmo problema que seus filhos.
A dor do crescimento é caracterizada por dores que aparecem especialmente no final da tarde ou começo da noite. Mais raramente, elas surgem durante o sono, quando a musculatura relaxa e esfria após um dia de atividades. As dores ocorrem principalmente nos membros inferiores, como panturrilha, atrás dos joelhos e coxas, podendo afetar braços e pernas em alguns poucos casos. De 30% a 50% das crianças com o problema manifestam também dor de cabeça.
Na maior parte das vezes, a dor regride espontaneamente. É por isso que pediatras evitam prescrever medicamentos. Segundo pesquisa do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, acolher a criança, conversando com ela e tranquilizando-a resolve o problema em 80% dos casos. Realizar uma massagem leve e aplicar uma bolsa de água morna na região dolorida também pode ajudar. Em alguns casos, exercícios de alongamento e atividades na água ajudam a relaxar a musculatura e fornecem baixo impacto. Em situações raras, analgésicos podem ser utilizados, sob prescrição médica.
É importante buscar aconselhamento médico. Um especialista pode avaliar se os sintomas são de dores do crescimento ou se há alguma doença com sintoma semelhante. Se houver outros sintomas além das dores, como inchaço, manchas e aumento de temperatura, há maior chance de doenças. Entre elas estão fibromialgia e síndrome da hipermobilidade articular. Na presença de febre, inchaço, vermelhidão, perda do apetite, apatia, cansaço, dificuldades de locomoção é preciso procurar um pediatra ou ortopedista para investigar possíveis causas ortopédicas, inflamatórias ou mesmo presença de um tumor.
É possível reduzir ou até mesmo erradicar os sintomas prevenindo situações de estresse para a criança. Também pode ajudar a prática de atividade física de baixo impacto, que fortaleça a musculatura sem sobrecarregá-la.
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