O Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM 5), a Bíblia da Psiquiatria mundial, incluiu pela primeira vez em suas páginas o vício em sexo (hipersexualidade) em sua última edição. Ele é um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), o que faz com que seus portadores não consigam controlar pensamentos e atos. Estima-se que 6% da população mundial padeça deste problema.
A pessoa viciada em sexo tem desejo de praticar relações sexuais a qualquer hora, momento ou local. O termo vício se refere à dependência desenvolvida por estes pacientes com relação ao sexo, da mesma forma que viciados em tabaco ou álcool, por exemplo. O paciente acaba sendo dominado por seu vício, assim como outras dependências. Em geral, o viciado desenvolve quadros de ansiedade e depressão por ter problemas crescentes de se relacionar.
Os viciados em sexo apresentam algumas características comuns, tais como padrão de conduta sexual fora do normal, manutenção deste padrão apesar da destruição de suas relações amorosas, familiares e profissionais, uso do sexo para controle do estado emocional e períodos de aversão completa ao sexo.
Alguns sintomas do vício em sexo são masturbação compulsiva, uso extenso de material pornográfico, práticas sexuais de risco (sem uso de preservativos), gosto exacerbado pelo exibicionismo e voyeurismo. Normalmente, o viciado em sexo não se importa com os gostos do parceiro ou parceira e também busca por múltiplos parceiros sexuais.
Em muitos casos, pacientes viciados em sexo sofreram situações de abuso físico e sexual na infância por parte de parentes ou outras pessoas. No entanto, não há uma relação direta entre a questão e cientistas ainda não conseguiram determinar se esse fator isolado pode desencadear o vício ou se há fatores genéticos que predispõem este problema em certos indivíduos.
Também não existe uma relação de causa e efeito entre o vício em sexo e a realização de atos criminosos, tais como abuso de menores, estupros ou zoofilia. No entanto, é possível que um viciado em sexo chegue a praticar atos ilegais desta natureza.
As principais consequências do vício em sexo são esfacelamento e destruição de relações com outras pessoas, dificuldades no trabalho, perdas econômicas importantes para satisfazer o ímpeto sexual excessivo, perda de interesse por assuntos não relacionados ao sexo e problemas de autoestima.
O primeiro passo do tratamento do vício em sexo, ao modo de outras dependências, é que o próprio paciente reconheça seu transtorno. Em seguida, deve-se buscar o auxílio de psiquiatras especializados no assunto e, em casos graves e com a anuência do paciente, promover internação em clínicas de recuperação. Em geral, o tratamento, após o controle da fase aguda, deve se estender por toda a vida, com acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico e até mesmo uso de medicamentos.
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