Um casal que pretende ter um filho deve estabelecer um número máximo de tentativas - contadas em ciclos menstruais - de conceber de forma natural. Veja algumas dicas para aumentar as chances de a mulher engravidar sem precisar recorrer a métodos científicos.
Num ciclo regular de 28 dias, o período mais fértil da mulher é o 14º dia do ciclo, sendo que o primeiro dia do ciclo corresponde ao primeiro dia da menstruação. Os quatro dias antecedentes ao 14º dia do ciclo e os quatro seguintes são os dias propícios à fecundação. O melhor período, portanto, está entre o 10º e o 17º dia do ciclo. Se a duração do ciclo é superior a 35 dias ou inferior a 21 dias, ou ainda se o ciclo menstrual tiver uma tendência irregular, os resultados desse cálculo podem ser ligeiramente diferentes.
O kit de ovulação é um exame colhido pela manhã, com a primeira urina. Ele permite detectar o pico do hormônio luteinizante (LH), que antecede a ovulação em um ou dois dias. A taxa deste hormônio aumenta bruscamente logo antes da ovulação, provocando a expulsão de um óvulo pelo ovário. Assim, os testes de ovulação detectam um aumento da taxa de LH na urina de 24 a 48 horas antes da ovulação. O exame tem procedimento similar ao do teste caseiro de gravidez.
A primeira das recomendações é relacionada ao fumo pelos pais e principalmente pela futura mãe. Mulheres fumantes apresentam fertilidade reduzida, pois o tabagismo diminui a concentração de estrogênio, hormônio necessário ao bom desenvolvimento da fecundação.
O risco de aborto espontâneo é multiplicado por três entre as mulheres fumantes e é ainda maior naquelas que fumam mais de um maço por dia. O tabagismo é a maior causa de parto prematuro e também duplica o risco de gravidez ectópica.
Substâncias presentes no cigarro, como nicotina, passam pela placenta e são absorvidas pelo feto. Isso também ocorre com o monóxido de carbono proveniente dos cigarros. Transmitido ao feto pelo sangue, ele pode privá-lo parcialmente de oxigênio. O fumo está relacionado com condições como baixo peso ao nascer, dificuldades de crescimento e microcefalia.
O fumo também é uma das maiores causas de infertilidade masculina.
Consumir álcool diminui a fertilidade de homens e mulheres. A ingestão de quantidades pequenas de bebida alcoólica durante a gestação já é suficiente para causar lesões neurológicas no feto, o que os especialistas chamam de desordens do especto alcoólico fetal. O bebê poderá ter atraso no crescimento, deformações na face e até mesmo quadros de retardo mental.
O consumo de duas xícaras de café por dia durante a gestação aumenta o risco de aborto espontâneo, segundo estudo publicado nos Estados Unidos pelo 'American Journal of Obstetrics and Gynecology'. Essa pesquisa foi a primeira a demonstrar que mesmo uma quantidade pequena de cafeína nos primeiros meses de gestação pode levar a um aborto espontâneo, embora o assunto ainda divida os cientistas.
Para minimizar os riscos, as futuras mães devem passar longe de bebidas que contenham cafeína durante os primeiros cinco meses de gravidez. O estudo acompanhou cerca de mil mulheres e revelou que aquelas que consumiram 200 gramas de cafeína ou mais (duas xícaras de café ou cinco latas de refrigerante) correram risco duas vezes maior de perder o bebê do que as mulheres que não ingeriram cafeína.
O peso constitui um elemento importante que deve ser levado em conta por quem deseja ter um bebê. Magreza muito acentuada pode predispor a mulher à infertilidade. Por outro lado, a obesidade também causa dificuldades para a concepção, principalmente porque o excesso de peso perturba o ciclo menstrual, que se torna mais irregular.
Segundo estudo realizado com mais de 17 mil mulheres, uma dieta alimentar específica associada ao controle do peso e à atividade física regular traz maior facilidade para engravidar ao diminuir os problemas de ovulação, causa de infertilidade em quase um terço das mulheres.
Para isso, dê preferência aos alimentos que contenham fibras, tais como pão integral, massas, arroz, frutas, legumes. Também aumente o consumo de proteína vegetal (ervilha, lentilha, soja, amêndoa), coma menos proteína animal como carne e ovos e consuma menor quantidade de gordura trans, contida nos produtos industrializados.
É aconselhável também consumir laticínios integrais e reduzir o consumo dos laticínios cremosos. O consumo semanal de diversas porções de produtos derivados do leite aumentará o risco de problemas na ovulação e, por consequência, o risco de infertilidade.
Diminua o consumo de açúcar e dê preferência a carboidratos completos, como massas e arroz. Consuma alimentos ricos em ferro: peixe, sardinha, atum, arenque, lentilha, feijão branco, grão de bico. Manter bons níveis de vitaminas também é importante. Para isso, coma frutas e sucos de frutas (vitamina C), espinafre, agrião, alface de cordeiro e nozes (vitamina B9).
Fazer sexo com frequência multiplica as chances de sucesso. Se a frequência do sexo for de apenas uma vez por semana, as chances de sucesso são de 16,7%. Duas vezes por semana aumenta a taxa para 32%. Três vezes por semana, 46% e quatro vezes por semana, 83%.
O estresse é um fator negativo que pode alterar os órgãos sexuais e as células envolvidas na reprodução. Diversos estudos revelaram que a ansiedade diminui as chances de ter um bebê ao provocar diminuição ou mesmo ausência de ovulação em períodos de tensão e angústia muito grandes. O objetivo do casal deve ser relaxar e não colocar pressão adicional sobre seus ombros para ter um filho.
Às vezes, leva tempo para um casal ter sucesso em conceber um bebê e é necessário um pouco de paciência. Porém, depois de alguns anos, os casais - mesmo os jovens - querem ter um filho muito rapidamente. Nosso modo de vida, onde tudo deve ser eficaz e o mais rápido possível, leva homens e mulheres a recorrerem a tratamentos muito caros e por vezes inúteis. Mais da metade das mulheres que não engravidam após um ano tentando têm sucesso nos 12 meses seguintes.
O desejo tardio de gravidez constitui um problema apontado cada vez mais pelos especialistas em esterilidade. Varia entre as mulheres a vontade ou não de ter um filho. As que decidem perto dos 30 anos, descobrem que suas chances de se tornarem mães diminuem a cada ano. Essa situação, aliás, pode ser fonte de muito estresse, o que, como já visto, reduz a fertilidade.
Algumas anomalias podem prejudicar a fertilidade da mulher. São elas: corrimentos que podem indicar infecção vaginal, ciclos irregulares, menstruação ou relações sexuais dolorosas que podem indicar endometriose, sobrepeso e magreza excessiva.
Alguns casais se precipitam e buscam um médico após alguns meses de relações sexuais regulares sem contraceptivos que não resultam em uma gravidez. Outros resistem em consultar um médico, se culpam, se fecham em si mesmos, não querem mais sair e ver seus amigos, especialmente aqueles que têm filhos. Eles sentem-se excluídos de um mundo exterior tornado inacessível e dificilmente aceitam a ideia de que um casal como eles não possa ter um bebê. Aceitar conversar e consultar um médico representa um passo positivo que vai ajudá-los a superar esse estresse que eles não conseguem nem dar um nome.
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