O Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue e chikungunya, pode transmitir também o vírus zika. Aprenda sobre o modo de transmissão do vírus, os principais sintomas e como se proteger deste micro-organismo associado a doenças neurológicas graves em bebês e também adultos.
O vírus zika, semelhante ao da dengue e da febre amarela, tem causado vários surtos da doença pelo mundo desde 2007, atingindo, além do Brasil, principalmente a Polinésia Francesa e Nova Caledônia, arquipélagos do Oceano Pacífico. O Aedes aegypti, transmissor do vírus, pode ser facilmente identificado pela população por apresentar listras em preto e branco nas patas, visíveis a olho nu. Particularmente agressivo, ele é responsável pela transmissão de doenças como a dengue e a chikungunya.
O vírus zika é transmitido pelo Aedes, que atua como vetor, isto é, o vírus é inoculado no inseto. O mosquito carrega o vírus sem ser afetado, transmitindo-o através de suas picadas. Assim como em outras doenças similares, apenas a fêmea do mosquito pica humanos e transmite doenças. Além disso, o vírus também pode ser transmitido por via sexual, com casos já comprovados em diversos países. Outras vias de contágio ainda estão sendo estudadas. Pesquisa nos Estados Unidos, por exemplo, demonstrou que o zika sobrevive até oito horas no meio ambiente, o que pode ocasionar transmissão por contato direto com o vírus.
Embora a doença ainda seja em parte desconhecida, os sintomas de uma infecção por zika mais comumente observados são febre baixa, erupções cutâneas, dores articulares e/ou musculares e conjuntivite. Geralmente, um caso é considerado suspeito quando há combinação entre febre baixa e manchas na pele. Apesar destas indicações, cerca de 80% dos casos são assintomáticos. Como em muitas ocasiões, o paciente não sofre complicações, a doença passa despercebida e o indivíduo sequer sabe que esteve infectado.
Porém, há risco de uma infecção por zika, mesmo sem sintomas aparentes, provocar complicações neurológicas graves. De maneira já comprovada, o vírus zika pode desencadear a síndrome de Guillain-Barré, em adultos, e a ocorrência de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central em bebês cujas mães foram infectadas durante a gestação. Além disso, outros problemas, como a mielite também podem estar associados ao vírus zika.
O surto de microcefalia no Brasil no início de 2016, concentrado principalmente nos estados da Região Nordeste, também acendeu o sinal de alerta de autoridades de saúde em todo o mundo para outro efeito bastante perigoso do zika. Ao infectar mulheres grávidas, especialmente no primeiro trimestre de gestação, o vírus favorece o desenvolvimento de microcefalia entre os bebês. A malformação corresponde a um diâmetro do crânio do recém-nascido menor do que a média, o que dificulta o desenvolvimento cognitivo da criança.
Pouco estudado até então por não haver relatos de comprometimento importante da saúde do paciente, o vírus se tornou, nos últimos dois anos, alvo de inúmeras pesquisas no Brasil e em outros países. Em geral, os estudos seguem duas linhas de análise que se relacionam. A primeira busca compreender como se dá a ação do zika sobre o cérebro, principalmente nos fetos. Por outro lado, diversos laboratórios estudam formas de desenvolver vacinas contra a doença.
Assim como para a dengue, não há tratamento antiviral ou vacina contra o zika. O tratamento se baseia unicamente no combate aos sintomas, a partir do uso de medicamentos prescritos de acordo com as evidências encontradas. É altamente aconselhável consultar um médico em caso de febre e manchas vermelhas pelo corpo.
Para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti e a consequente transmissão de doenças, deve-se eliminar as larvas do mosquito regularmente, esvaziando potes com água parada, cobrindo tanques e protegendo da chuva equipamentos de jardinagem ou outros materiais que possam acumular água. O uso de mosquiteiros e roupas longas ajudam a prevenir picadas. O uso de repelentes de pele também é aconselhável, depois de procurar aconselhamento médico.
O surto de microcefalia no Brasil deve fazer com que grávidas tomem ainda mais cuidado com o vírus zika. Para isso, é recomendado que as gestantes utilizem repelente mesmo quando permanecerem em casa, reforçando o produto a cada 90 minutos. O uso de mosquiteiros e roupas longas é ainda mais aconselhável nesse grupo. Para aquelas que não vivem em regiões afetadas pelo surto de zika, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de não viajar para áreas com circulação e transmissão autóctone do vírus durante a gestação.
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