O mosquito Aedes aegypti é o responsável pela transmissão dos vírus da dengue, chikungunya e zika. O combate ao mosquito, melhor forma de reduzir o risco que estas doenças trazem para a saúde humana, é feito principalmente com a eliminação de criadouros, limpando vasos de planta, garrafas vazias, pneus e outros objetos capazes de acumular água.
No entanto, outra forma de enfrentamento ao Aedes vem sendo desenvolvida nos últimos anos. A liberação de mosquitos Aedes transgênicos, ou geneticamente modificados, na natureza tem capacidade de reduzir em até 90% a população de insetos e, consequentemente, diminuir o risco de transmissão das doenças.
O Aedes do Bem, nome dado pela companhia britânica Oxitec, responsável pelo desenvolvimento do mosquito, é criado em laboratório num processo que envolve a microinjeção de DNA com dois genes em ovos do mosquito. Um deles produz a proteína tTA, que impede que os filhotes do mosquito modificado cheguem à fase adulta. O segundo gene garante que estes insetos sejam identificados ao serem expostos a uma luz específica. Todos os mosquitos geneticamente modificados são machos.
Uma vez criado, o Aedes do Bem é liberado na natureza e vai buscar fêmeas para procriar de maneira idêntica à variação selvagem da espécie. No entanto, os filhotes que nascerão dos ovos fecundados não conseguirão chegar à fase adulta, o que impede que eles se reproduzam. Sem reprodução, a população dos mosquitos diminui. O Aedes do Bem deve ser liberado diversas vezes e em alta quantidade para garantir o sucesso do procedimento.
Até o momento, a empresa britânica já testou o mosquito transgênico em bairros das cidades baianas de Juazeiro e Jacobina e em Piracicaba, interior de São Paulo. Em todas as regiões, a queda da população de Aedes aegypti foi superior a 90%. Atualmente, também há testes em bairros de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
O Aedes do Bem não representa perigo de transmissão de doenças pois apenas as fêmeas do mosquito picam seres humanos e passam os vírus da dengue, chikungunya e zika. Sem picadas, não há risco de transmissão por outra forma.
A empresa Oxitec já afirmou que os testes feitos até o momento garantem que o uso em larga escala dos mosquitos geneticamente modificados será eficaz e seguro. No entanto, o produto precisa ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que vai avaliar os resultados das pesquisas realizadas para decidir sobre a liberação.
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