A metaplasia escamosa do colo do útero é uma condição marcada pela mudança na aparência das células uterinas. Ainda que se trate de um processo natural do organismo feminino, a metaplasia pode desencadear, em casos raros, alterações celulares pré-cancerosas.
A metaplasia escamosa do colo do útero é a mudança das células cilíndricas da região uterina logo após o orifício cervical. Em outras palavras, ela é a transformação ou substituição de um tecido adulto por outro da mesma classe. Na metaplasia escamosa, o epitélio monoestratificado (aquele que possui apenas um camada de células) se converte em epitélio pluriestratificado (com várias camadas de células).
A metaplasia é um processo benigno e natural que ocorre em certos momentos da vida da mulher como puberdade, gravidez e pós-parto, ainda que não seja exclusiva destes períodos. As mudanças celulares não são consideradas perigosas nem aumentam o risco de câncer do colo de útero. A metaplasia escamosa se inicia nas regiões mais expostas do epitélio cilíndrico do colo do útero com a aparição de pequenas células redondas subcilíndricas chamadas células de reserva. À medida em que estas células proliferam e se diferenciam, inicia-se a formação de um epitélio multicelular e não estratificado que recebe o nome de epitélio escamoso uterino.
O termo metaplasia imatura se refere à fase da metaplasia em que as células de reserva ainda não terminaram de se diferenciar e estratificar. As células do epitélio metaplásico escamoso imaturo não produzem glicogênio, por exemplo. Podem surgir vários grupos isolados de metaplasia escamosa imatura ao mesmo tempo em diferentes zonas do colo do útero. A região do colo em que ocorre a metaplasia é denominada de zona de transformação. É muito importante identificar esta zona em uma colposcopia já que a maioria das manifestações de carcinogênese cervical surgem nestas áreas.
O epitélio metaplásico imaturo recém-formado pode evoluir de duas formas: alcançar a maturidade ou manter-se imaturo. Na grande maioria das vezes, o epitélio metaplásico imaturo se converte em epitélio cilíndrico metaplásico maduro, bem estratificado, rico em glicogênio, similar, para todos os efeitos práticos, ao epitélio escamoso do ectocérvix. No epitélio maduro é possível observar a presença de folículos, chamados cistos de Naboth. Quando o epitélio imaturo se converte em tecido maduro não há risco de complicações.
Em alguns casos, o epitélio endocervical se mantém imaturo. Essa situação é considerada anormal e pode iniciar alterações celulares pré-cancerosas. Tal complicação não é muito frequente, mas ocorre em uma pequena porcentagem de casos devido a uma infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV). O HPV pode infectar as células metaplásicas escamosas imaturas e transformá-las em células atípicas com anomalias nucleares e citoplasmáticas.
As causas mais frequentes de metaplasia escamosa do colo do útero são proliferações de células colunares de reserva que enchem as glândulas endocervicais, aumento da acidez do útero durante a puberdade, inflamações ou irritações uterinas, exposição a substâncias químicas, excesso de estrogênio, déficit de vitamina A, presença de pólipos uterinos e uso de anticoncepcionais orais.
A metaplasia escamosa do colo do útero não precisa de tratamento, apenas acompanhamento médico. Em um exame de Papanicolau, a metaplasia é classificada como negativa ou classe I, o que significa que não há risco de malignidade. Em geral, as células do colo do útero apresentam-se completamente normais após a metaplasia.
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