A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica crônica que afeta o pensamento, comportamento e emoções. Normalmente, essa patologia surge durante a adolescência ou no início da fase adulta. No entanto, alguns casos podem ser identificados já na infância. Neles, cuidados especiais devem ser tomados para evitar o agravamento da doença e promover seu controle precoce. Em geral, crianças com esquizofrenia apresentam os primeiros sintomas da doença entre os 7 e 10 anos.
Diferentemente do que muitos podem pensar, a esquizofrenia não torna a criança mais agitada. Na verdade, o primeiro indício de desenvolvimento da doença é a tendência cada vez maior da criança em se isolar dos demais e a perda de interesse em atividades que ela gostava de realizar anteriormente. Na sequência, surgem os quadros mais clássicos da doença, com alucinações, delírios, quadros paranoicos, temores de perseguição e manipulação e contenção das emoções (a criança passa a não sorrir ou chorar, por exemplo).
Um dado muito importante ao qual os pais também devem estar atentos é quanto à desorganização do comportamento da criança. Em muitos casos, a criança passa a ter dificuldades em manter uma higiene adequada, aparentando desleixo com sua aparência, e em preparar suas refeições. Na maior parte das vezes, tais sinais surgem após a criança já ter adquirido autonomia neste e noutros aspectos da vida cotidiana.
O diagnóstico da esquizofrenia em crianças é muito difícil. Em primeiro lugar, porque muitos dos sintomas são de identificação complicada e, nesta fase da vida, podem ser confundidos com quadros de autismo - quando a criança é mais nova, por volta dos cinco anos - ou transtorno afetivo bipolar - em crianças um pouco mais velhas.
Para conseguir fazer o diagnóstico diferencial para esquizofrenia, o psiquiatra deve se informar quanto ao desenvolvimento motor, afetivo e intelectual da criança antes da aparição dos primeiros sintomas. Para isso, podem ser de vital importância a análise de fotos e vídeos da criança em diferentes etapas da vida. Também é importante analisar a condição dos pais. Em média, 8% das crianças com esquizofrenia têm pais que também sofrem da doença.
Por fim, o uso de exames de imagem podem auxiliar no diagnóstico já que estudos científicos recentes demonstraram que crianças com desenvolvimento precoce da esquizofrenia possuem dilatação dos ventrículos cerebrais mais pronunciada do que aquelas sem a doença.
A esquizofrenia infantil, assim como sua forma adulta, necessita de tratamento multidisciplinar, que envolve uso de medicamentos, acompanhamento psiquiátrico, psicoterapia, terapia ocupacional e participação ativa dos pais. Na maioria dos casos, a dosagem da medicação é maior do que a observada em adultos e adolescentes por conta de diferenças no metabolismo infantil. Assim como em adultos, é importante acompanhar com atenção o desenvolvimento da doença e, em casos mais graves ou em que a criança apresente risco de suicídio e/ou agressão a terceiros, pode ser recomendada uma internação.
Em primeiro lugar, os pais devem estar sempre atentos ao desenvolvimento da criança e, ao primeiro sinal de algo fora do comum, procurar um pediatra que poderá, a depender do que este profissional constatar, encaminhar a criança para um especialista. O mais importante, no entanto, é não contrariar a criança ou tentá-la, à força, fazer enxergar a realidade. A esquizofrenia é uma doença grave e, como tal, deve ser tratada por especialistas.
Foto: © ostill - Shutterstock.com