Como funciona o sistema imunológico

Todos os dias, o corpo humano sofre ataques de bactérias, vírus e outros agentes infecciosos e o responsável por proteger o organismo dessas agressões é o sistema imunológico. Bastante complexo, ele envolve diferentes órgãos e milhões de células de variados tipos e funções. Algumas doenças, como lúpus, diabetes tipo 1 e doença de Crohn, são chamadas de doenças autoimunes pois fazem com que o sistema imunológico se desoriente e ataque órgãos que deveria proteger.

Células do sistema imune

O sistema imunológico é composto por milhões de células dos mais variados tipos e com diferentes funções. Conheça algumas das células que atuam no combate aos agentes infecciosos do organismo.

Granulócitos

Os granulócitos são células presentes no sangue e que atuam na resposta imune inata (primeira fase da proteção do organismo). Existem três tipos de granulócitos. Os primeiros são os eosinófilos, que vivem cerca de 10 dias nos tecidos e atacam principalmente parasitas. Depois vêm os neutrófilos, que vivem apenas 10 horas e combatem bactérias e fungos. O terceiro tipo são os basófilos, que são mais raros e defendem o corpo de quadros alérgicos e inflamatórios.

Linfócitos

Os linfócitos são divididos em linfócitos T e linfócitos B. Os primeiros são produzidos no timo, um pequeno órgão linfoide situado na região torácica. Os linfócitos T têm a função de auxiliar os demais linfócitos na produção de anticorpos. Já os linfócitos B, produzidos na medula óssea e armazenados nos gânglios linfáticos, se transformam em plasmócitos no momento de uma invasão para gerar os anticorpos específicos contra o agente infeccioso.

Resposta imune

O sistema imune reage de duas formas ao ataque de micróbios: resposta imune inata, que se caracteriza por ser imediata porém menos específica; e a resposta imune adaptativa, que entra em ação com certo atraso, mas tem eficácia maior.

Resposta imune inata

Assim que o organismo detecta a invasão de um agente infeccioso, seja ele qual for, as células fagocitárias (monócitos, macrófagos) são acionadas. Esse grupo celular tem como objetivo fagocitar o invasor, isto é, envolver o micro-organismo e 'comê-lo'. No entanto, sua ação é inespecífica, o que significa que eles fagocitam também outros micro-organismos que não são invasores, reduzindo o sucesso da ação protetora.

Resposta imune adaptativa

Num segundo momento do combate ao agente infeccioso, entram em cena os linfócitos. Esse grupo de células, que de maneira geral se divide entre linfócitos T e linfócitos B, produz os anticorpos que, por sua vez, irão se ligar especificamente ao micro-organismo invasor e atacá-lo de maneira direta. Por isso, a ação dos linfócitos é mais eficiente no combate às invasões bacterianas, virais e de outros tipos.

Barreiras externas

Além das células fagocitárias e dos linfócitos, o organismo também possui uma série de barreiras, físicas ou bioquímicas, que participam do sistema imunológico. A principal delas é a pele. Por ser composta de queratina, a pele - um dos órgãos do corpo humano - impede a entrada de micro-organismos. A saliva e as lágrimas também são barreiras contra invasores devido a algumas enzimas presentes em suas composições que possuem efeito antibacteriano. A ação de enzimas também se faz presente no estômago e na vagina.

A vagina, aliás, também é um dos órgãos do corpo humano que possui proteção contra agentes infecciosos por meio da flora bacteriana. Estes micro-organismos não fazem mal à saúde e sua ação protetora se dá por meio da concorrência que estabelecem com os invasores por comida e espaço. O mesmo mecanismo, que estabelece uma relação de comensalismo entre o ser humano e a flora bacteriana, também ocorre no intestino.

Por fim, os cílios, tanto os dos olhos quanto os presentes em outros órgãos, e o muco são responsáveis pela proteção. Os cílios agem 'varrendo' os micro-organismos para longe dos órgãos e sua presença é especialmente importante no aparelho respiratório, sendo um dos principais responsáveis pela purificação do ar que respiramos. Já o muco é uma substância viscosa que recobre a mucosa dos órgãos e faz com que os invasores fiquem aderidos a ele, não penetrando no interior dos órgãos.

Doenças autoimunes

Doenças autoimunes são um grupo de mais de 100 doenças que têm por característica desorientar o sistema imunológico e fazer com que seus mecanismos ataquem o próprio organismo do paciente. Essa disfunção pode ocorrer em diferentes órgãos e também atingir vários deles ao mesmo tempo, como os rins, sistema nervoso central, glândulas endócrinas, aparelhos digestivo e respiratório, olhos, entre muitos outros.

Entre o rol de doenças autoimunes estão o lúpus, diabetes tipo 1, doença de Crohn, doença celíaca, síndrome de Guillain-Barré, vitiligo, diversas formas de neuropatias e psoríase.

Imunidade baixa

Diversos fatores podem diminuir as defesas do organismo e provocar o que chamamos de imunidade baixa. Os sintomas deste problema são infecções leves recorrentes e que demoram a passar, como amigdalite, resfriado e herpes; febre frequente, calafrios e fadiga. O uso de certos medicamentos, distúrbios do sono, má alimentação, consumo de álcool e desequilíbrios hormonais estão entre as causas possíveis de queda da imunidade.

Por conta disso, o tratamento para um quadro de imunidade baixa se baseia em hábitos de vida saudáveis: alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos, diminuição do consumo de álcool, redução do estresse, melhora na qualidade do sono e hábito de beber no mínimo 1,5 litro de água por dia.

Além disso, um dos fatores mais importantes para garantia da imunidade é o aleitamento materno. O leite materno, que deve ser o alimento exclusivo dos bebês até os seis meses de vida, é fundamental para desenvolver o sistema imunológico das crianças.

Foto: © decade3d - 123RF.com

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