Cada vez mais o hábito de jejuar por alguns dias tem sido encarado como forma de desintoxicar o corpo, promover emagrecimento e prevenir doenças. Pesquisas recentes vêm apontando os benefícios do jejum para a saúde, mas os resultados ainda não podem ser encarados como um atestado de que privar-se de comida melhora o bem-estar sem trazer risco para o corpo.
O hábito de jejuar é utilizado há milênios por diferentes religiões. Os católicos não comem carne durante a Quaresma. Muçulmanos jejuam do amanhecer ao pôr do sol durante o mês do Ramadã e judeus reservam seis dias por ano ao jejum. Além de questões religiosas, muitas pessoas estão adotando a privação de alimentos por razões médicas.
Uma pesquisa com 200 pessoas nos Estados Unidos apontou que o jejum, quando realizado uma vez por mês, tem efeito protetor contra as doenças cardiovasculares. A diminuição do risco de males cardíacos foi de 58%.
Outro estudo norte-americano aponta que a prática de jejuns periódicos, nos quais a pessoa ingere apenas água durante o dia, pode prolongar a vida em até 40%. A explicação para essa relação estaria no DNA do ser humano, historicamente adaptado a sobreviver por semanas sem comida durante a Pré-História.
Um levantamento publicado pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos também concluiu que pessoas que fazem jejum têm maior capacidade de se recuperar de doenças e correm menos risco de infecções. Isso aconteceria pois as células do corpo, durante o jejum, entram em estado de alerta, ficando mais preparadas para reagir a invasores.
Além dos efeitos médicos, quem jejua com frequência garante que a prática é capaz de desintoxicar o corpo e promover o bem-estar mental e o autoconhecimento.
Apesar dos estudos recentes, muitos médicos e nutricionistas são contra o jejum pelos riscos contidos em sua prática. Além disso, boa parte das pesquisas realizadas até agora ainda precisam passar por experimentos com grupos maiores de voluntários para serem conclusivas. Vale lembrar também que nenhuma sociedade médica brasileira recomenda o jejum como dieta ou para o tratamento de doenças.
A hipoglicemia, distúrbio provocado pela baixa taxa de glicose no sangue, é um dos efeitos colaterais do jejum e pode ocorrer em duas ocasiões. Durante o jejum, especialmente quando ele dura mais que uma semana, a queda no nível de açúcar pode ocasionar tonturas, desmaios e até convulsões. Após o término do período, o risco se mantém. Quando percebe a injeção de açúcar no corpo muito acima dos dias anteriores, o organismo tende a produzir insulina em excesso, o que pode levar à hipoglicemia.
O jejum leva à redução dos níveis de cálcio e fósforo no sangue. Os dois elementos combinados têm papel importante na produção de energia e a queda pronunciada na concentração de ambos pode causar a morte do paciente.
Jejuns mais longos, que ultrapassam os 15 dias, causam queda de pressão (hipotensão) e são capazes de alterar o ritmo cardíaco do paciente.
A discussão sobre os benefícios e malefícios do jejum está longe de ter fim. Ao menos por enquanto, o mais correto é manter uma dieta equilibrada para promover a perda de peso. Se você pretende fazer um jejum como forma de melhorar seu bem-estar, procure aconselhamento profissional e não prolongue a privação por muitos dias em sequência.
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