Pessoas com obesidade mórbida que realizam cirurgia bariátrica apresentam um risco aumentado em 50% de tentar o suicídio após a intervenção, segundo um estudo canadense.
O trabalho, publicado na revista científica 'JAMA Surgery', acompanhou 8.815 canadenses que passaram por cirurgias bariátricas durante seis anos - três antes e três depois do procedimento. De acordo com os pesquisadores, 66% das tentativas de suicídio ocorreram após a operação. O outro terço das tentativas, ocorrido antes da cirurgia, revela, aponta o artigo, a maior incidência de problemas mentais entre obesos.
Por conta dos resultados, os pesquisadores defendem que pacientes que realizaram cirurgias bariátricas devem ser acompanhados de maneira prolongada por uma equipe médica. Apesar da melhora na vida do paciente, como perda de peso rápida e redução de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, apneia do sono), a situação pode se complicar no longo prazo.
Em muitos casos, especialmente quando o paciente opta pelo bypass gástrico, que encaminha o alimento diretamente para o intestino, a perda de peso pode ser revertida em 10 ou 20 anos, provocando situações de frustração e depressão.
O acompanhamento deve ser feito por nutricionistas e psicólogos para abordar a necessidade do paciente reformular seu regime alimentar, iniciar a prática de exercícios físicos e trabalhar a aceitação da nova silhueta, algo nem sempre simples para esse grupo de pacientes.
O trabalho de acompanhamento, no entanto, começa antes mesmo da cirurgia. É necessária uma reunião entre a equipe médica e o paciente para definir qual procedimento será feito e prepará-lo psicologicamente para as mudanças que virão, possíveis complicações e mudança alimentar. O paciente deve estar totalmente consciente sobre as implicações da cirurgia e o que deve fazer depois da operação para evitar efeitos colaterais e garantir a perda de peso saudável.
A abordagem psicológica do paciente também é de extrema importância. O profissional deve trabalhar as questões sobre a nova imagem do paciente e sua relação com os outros. O trabalho deve ser intensificado entre as pessoas que sempre utilizaram a comida como refúgio para ansiedades e momentos de tristeza.
A obesidade é uma das doenças mais complicadas de se tratar, explicam os pesquisadores. Por um lado, remédios para perda de peso provocam muitos efeitos colaterais e podem não gerar os resultados prometidos. Por outro lado, muitos pacientes não conseguem perder peso de maneira natural, com mudança de hábitos alimentares e prática de exercícios. Assim, a cirurgia bariátrica se apresenta como uma das poucas ações possíveis para tratar a obesidade.
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