O bullying é definido como uma série de agressões verbais, físicas e/ou psicológicas promovidas contra uma criança por parte de um ou mais vizinhos, colegas de escola ou outra atividade que o menor desempenhe. A repetição destes ataques direcionados recebem o nome de bullying, condição nomeada recentemente mas frequente entre crianças há bastante tempo. Sua prática pode ter consequências importantes para a saúde e o desenvolvimento da criança agredida.
O bullying pode ser praticado de diversas maneiras, mas tem como característica principal a repetição de ataques contra um alvo específico. Os ataques podem ser por meio de perseguição em sala de aula e fora do horário escolar, agressões físicas e xingamentos. Em geral, o aluno alvo de bullying também é excluído do convívio com os colegas agressores fora do ambiente escolar e os demais - mesmo que não agridam diretamente o alvo - são impelidos a também não se envolver com a criança.
Crianças alvo de bullying sofrem de ansiedade, estresse e experimentam fortes sensações de medo, principalmente quando na presença de algum dos seus agressores. Esses sintomas, em casos mais graves e prolongados, podem levar o menor a desenvolver quadros de depressão e outros transtornos mentais.
Em geral, os efeitos físicos do bullying se dão em casos mais graves e principalmente de agressões prolongadas. As principais consequências são doenças psicossomáticas, automutilação e, em caso de avanço sem tratamento da depressão, suicídio. Além disso, estudo da Universidade de São Paulo (USP) demonstrou a associação entre o bullying e o consumo de álcool e drogas ilícitas por parte de adolescentes, o que pode provocar uma série de outros problemas físicos a médio e longo prazo.
Pelo medo e ansiedade provocados pelas agressões, a criança vítima de bullying passa a perder o interesse pelas atividades escolares e outras que realize nas quais seja alvo de ataques de colegas. Com isso, o aluno vítima de bullying pode sofrer queda de rendimento e evasão escolar. Entre crianças menores, há risco de atrasos no desenvolvimento. Além disso, a criança se torna mais retraída, tímida e começa a evitar interagir com outras crianças da sua idade.
Pais e professores são os mais aptos a perceber os sinais de que uma criança está sofrendo bullying já que, em geral, o próprio não externa o seu problema para os demais. Deve-se estar atento a mudanças de comportamento da criança, falta de vontade de ir à escola, perda de interesse nos estudos e reações exageradas quando confrontadas com a iminência de encontrar com seu agressor.
Com a suspeita, é necessário buscar acompanhamento psicológico e levar o tema à direção do colégio ou do outro ambiente onde as agressões estejam ocorrendo. O tratamento psicológico deve ser feito para que a criança se abra sobre seus temores e enfrente-os. Também é muito importante que a escola busque identificar os agressores e converse com eles e responsáveis.
O cyberbullying é uma forma de bullying realizada na internet. Na maioria das vezes, ela é uma extensão das agressões sofridas presencialmente, mas também pode se dar de maneira exclusiva no meio digital. O principal problema do cyberbullying é a possibilidade de anonimato dos agressores, o que pode inclusive torná-los ainda mais agressivos com a vítima do bullying.
É importante destacar que uma série de psicólogos e outros especialistas que se debruçaram sobre o tema bullying apontam que os autores de agressões contra colegas também apresentam problemas a serem tratados. Na maior parte das vezes, estas crianças vivem em um ambiente familiar tumultuado - sem a presença de um ou ambos genitores -, não têm limites impostos pelos responsáveis e têm necessidade de autoafirmação e de angariar popularidade entre os colegas. Por conta disso, autores de bullying também devem receber atenção especial da escola e, em muitos casos, acompanhamento psicológico.
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