Zika, dengue e chikungunya são doenças que poderíamos chamar de primas. As três são infecções virais, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti e características de regiões de clima quente e úmido como o Brasil. No entanto, elas apresentam algumas diferenças, principalmente quanto aos sintomas, que devem ser levadas em conta para o tratamento e combate especialmente das suas possíveis complicações.
O quadro sintomático é o principal fator de diferenciação das três doenças. Mais conhecida das três devido à recorrência de suas epidemias nos últimos anos, a dengue provoca febre alta, dores por todo o corpo e atrás dos olhos, falta de ar e fadiga. Além disso, a dengue possui uma forma hemorrágica na qual o paciente pode sofrer sangramentos, principalmente pelo nariz.
Já a chikungunya, que ganhou as manchetes a partir do final de 2014 por conta de uma epidemia ocorrida em cidades baianas, tem como principal manifestação dores fortes nas articulações. A dengue, em contraposição, costuma causar dores musculares pelo corpo.
Por fim, a zika, registrada pela primeira vez no Brasil em maio de 2015, é marcada por sintomas mais brandos que as outras duas doenças. Suas manifestações principais são febre (mais baixa que na dengue e chikungunya), olhos avermelhados, coceira no corpo e aparição de pequenas manchas na pele. Além de menos graves, os sintomas da zika também são raros. Em 80% dos casos de infecção pelo vírus, o paciente não apresenta sintomas, o que dificulta o diagnóstico.
Levando-se em conta apenas o quadro da doença, a dengue é a mais perigosa das três infecções. Isto porque ela é a única que pode provocar a morte do paciente. Porém, óbitos só ocorrem nos casos de dengue hemorrágica, que exigem internação para tratamento e acompanhamento especializado.
A febre chikungunya não causa morte como a dengue mas pode incapacitar o portador do vírus por muito tempo. Isto se deve ao fato de que as dores articulares extremamente fortes - e que afetam principalmente os membros - provocadas pela doença podem se estender por semanas e até meses, mesmo quando o vírus já não é mais encontrado no organismo do paciente. Há casos em que o portador não consegue sequer sair da cama sem auxílio.
Apesar de ser a mais leve das três doenças, a zika vem provocando apreensão entre as pessoas e exigindo ações emergenciais das autoridades de saúde em todo o mundo devido à suspeita, a partir do caso brasileiro, de que a infecção de grávidas pelo micro-organismo está possivelmente associada ao aumento no número de casos de microcefalia, malformação que reduz o perímetro craniano dos recém-nascidos e provoca atraso no desenvolvimento cognitivo, no país.
Além disso, outros grupos de pacientes também podem desenvolver, por conta do vírus zika, a síndrome de Guillain-Barré, que paralisa a musculatura e, sem tratamento, pode provocar óbito caso o quadro paralítico se estenda para os músculos respiratórios. No entanto, em caso de tratamento adequado, a doença regride em pouco tempo.
Apesar da recente aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) da primeira vacina contra dengue e dos diversos estudos em curso atualmente para desenvolvimento de imunização anti-zika, o tratamento mais indicado para as três doenças continua o mesmo: combate aos sintomas com uso de antitérmicos e analgésicos, além de hidratação e repouso.
A prevenção das doenças também é igual e deve se basear no controle da proliferação do mosquito Aedes aegypti. Apesar de novas tecnologias em teste atualmente no Brasil e outros países, a melhor forma de combater o mosquito transmissor do trio de infecções é limpar recipientes que possam acumular água parada, como pneus, garrafas vazias, vasos de plantas e caixas d'água.
Confira neste link todas as instruções para o controle do Aedes.
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