A epilepsia é, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma crise cerebral decorrente de uma descarga neuronal excessiva. Tal descarga afeta células nervosas através de impulsos repetitivos e paroxísticos (em forma de ataques). Esta situação provoca mau funcionamento de outras células nervosas desencadeando movimentos involuntários e perda de consciência. A epilepsia não é contagiosa e não está associada a outras doenças ou quadros de retardo mental.
A epilepsia pode ser causada por uma série de fatores, tais como malformações, lesões na estrutura cerebral, tumores, traumas, acidente vascular cerebral e hemorragias cerebrais.
Por outro lado, as crises epilépticas também apresentam uma grande variedade de causas. Elas podem ser disparadas, por exemplo, por uso de drogas recreativas, ingestão excessiva de álcool e luzes piscantes intensas. Entre pacientes com epilepsia já diagnosticada, a causa mais comum é o uso inadequado dos medicamentos.
Alguns sinais provocam suspeita de epilepsia. Eles são gerais e inespecíficos. Entre tais sinais estão momentos de ausência ou de confusão, olhar fixo, desatenção, movimentos incontroláveis dos braços e pernas, episódios de perda de consciência ou desmaio com incontinência dos esfíncteres, escuta de sons raros, percepção distorcida ou sentimentos de medo inexplicáveis.
As crises epilépticas se dividem fundamentalmente pelos sintomas que apresentam. As de tipo leve recebem o nome de crises de ausência. Por sua vez, as formas mais graves se subdividem em três tipos: crises parciais simples, crises parciais complexas e crises tônico-clônicas.
Nas crises de ausência, o paciente apenas se desconecta do entorno por alguns momentos, retomando a consciência rapidamente e sem auxílio externo.
Já as crises parciais simples tem como sintomas distorção na percepção, movimentos involuntários de uma parte específica do corpo, distorções na audição e visão. As crises parciais complexas têm os mesmos sintomas e se diferenciam das simples apenas pela perda de consciência do paciente.
Por fim, as crises tônico-clônicas são as mais graves. O paciente perde consciência e seu corpo se enrijece. Num segundo momento, todas as extremidades do corpo tremem. É preciso auxílio externo para evitar que o paciente se machuque durante a crise. Crises de mais de 30 minutos sem recuperação da consciência são perigosas e podem afetar funções cerebrais.
Crises epilépticas graves demandam algumas ações de primeiros socorros para proteger o paciente e evitar que a crise afete certas funções cerebrais. Se você souber que o paciente tem a doença, procure deitá-lo de maneira confortável, afrouxe suas roupas e apoie sua cabeça em um travesseiro ou algo macio para que ele não se machuque com os tremores. Afaste materiais cortantes ou objetos pesados de perto e tente acalmá-lo. Se a pessoa estiver salivando em excesso, coloque a cabeça dela de lado para evitar que aspire a própria saliva e sufoque.
O diagnóstico da epilepsia é feito após a ocorrência de duas crises sem motivo aparente. Tal fato exige uma visita ao neurologista que, após avaliar o histórico familiar e realizar exame clínico do paciente, pode pedir exames laboratoriais complementares, como eletroencefalograma e tomografia computadorizada, para confirmar o diagnóstico e identificar a região cerebral afetada.
O tratamento da epilepsia está baseado em três vias: medicação, alimentação e cirurgia. É fundamental que o paciente siga detalhadamente as indicações do neurologista quanto ao medicamento a ser utilizado, hora do dia a tomar e dosagem, além de seguir as recomendações para ajuste do regime alimentar. Em geral, pacientes conseguem controlar a epilepsia com apenas um medicamento.
As classes de medicamentos mais utilizadas são barbitúricos, benzodiazepínicos, hidantoínas, acetazolamida, entre outros. Já a alimentação deve ser rica em gorduras e baixa em carboidratos e proteínas. Tal dieta, que deve ser elaborada por um especialista, recebe o nome de cetogênica já que os alimentos consumidos se convertem em uma substância denominada cetona.
Por fim, a cirurgia para tratamento da epilepsia é feito apenas em caso de fracasso da terapia com medicamentos. O objetivo da operação é retirar a porção do tecido cerebral que está lesionado para evitar a recorrência das crises. A cirurgia só é autorizada pelo médico se a lesão for acessível, se não houver risco de lesionar outras áreas e, principalmente, se o tecido afetado não cumprir papel importante para a ação cerebral.
O uso de canabidiol, substância presente na maconha, tem apresentado resultados bastante satisfatórios como forma de tratamento da epilepsia. Em diversos países do mundo, a substância já está liberada para fins medicinais. No Brasil, o produto atualmente pode ser obtido no exterior de maneira legal para tratamento de crianças e adolescentes com quadros de epilepsia grave e resistente a outros medicamentos.
A epilepsia não tem cura, mas a doença é considerada controlada quando o paciente se mantém sem crises por um período maior que dois anos. Encerrado o tratamento, há risco de recaídas nos seis primeiros meses após a interrupção do uso da medicação.
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