Os efeitos do consumo excessivo de álcool sobre a saúde são numerosos e diversos. O álcool é uma droga que atua sobre o sistema nervoso central inibindo de forma progressiva as funções cerebrais. Essa droga afeta a capacidade de auto-controle e, inicialmente, pode provocar euforia e desinibição, o que às vezes faz muitas pessoas o confundirem com um estimulante.
Depois de ingerir álcool surgem uma série de efeitos ou sintomas que dependerão da dose ingerida e outros fatores individuais. A primeira fase é de euforia e excitação. O consumo de álcool torna a pessoa loquaz, eufórica, desinibida e impulsiva. A taxa de alcoolemia nesta fase alcança 0,5 gramas por litro (g/L).
Se continuar bebendo, o organismo entra na fase hipnótica ou de confusão, caracterizada por certa irritabilidade, agitação, sonolência ou dor de cabeça. Também podem ocorrer vômitos e náuseas. A taxa de alcoolemia no organismo fica próximo dos 2 g/L.
Quando já se consumiu uma grande quantidade de álcool, o organismo alcança a fase anestésica ou de coma em que a fala se torna incoerente, o nível de consciência e o tônus muscular diminuem e a pessoa sofre com incontinência urinária e pode inclusive encontrar dificuldades para respirar. Nesta fase, a taxa de alcoolemia chega a 3 g/L.
Por último, há a fase bulbar ou de morte, em que o organismo pode sofrer um choque cardiovascular com inibição do centro respiratório e parada cardíaca. Para tanto, é preciso chegar a uma taxa de alcoolemia de 5 g/L.
A presença habitual de álcool no cérebro inibe de forma progressiva as funções cerebrais. Quando se começa a beber, o álcool afeta os processos de pensamento e juízo e também as emoções ao provocar mudanças repentinas de humor. A partir de um determinado momento, o consumo contínuo de álcool altera o controle motor e surgem problemas de fala, a capacidade de reação cai e o equilíbrio fica comprometido. Também diminuem os estados de alerta e os reflexos e aparecem problemas de visão, perda de coordenação muscular, tremores, alucinações, problemas de memória e concentração e redução das funções motoras.
O consumo frequente de álcool provoca distúrbios do sono, isolamento do entorno social e problemas familiares (discussões, divórcio, abandonos) e profissionais (perda de emprego). Essa situação pode desencadear quadros de depressão e até mesmo levar o indivíduo ao suicídio.
O álcool afeta as células do cérebro e dos nervos periféricos de forma irreversível. Além disso, essa substância reduz a produção de vitamina B1 e pode ser um fator de risco para a doença de Wernicke-Korsakoff, que provoca alteração dos sentimentos, pensamentos e memória, de modo que os pacientes confundem a realidade com sua imaginação.
O consumo de álcool incrementa a atividade cardíaca. Enquanto um consumo moderado melhora a circulação sanguínea, uma dose maior pode causar lesões. Os componentes tóxicos da bebida provocam hipertensão arterial e afetam o músculo cardíaco, provocando insuficiência cardíaca pois debilita a capacidade de bombeamento do coração. Também há risco de vasodilatação periférica que aumenta a temperatura superficial da pele.
O consumo excessivo de álcool causa danos ao estômago, como acidez e queimação, especialmente se houver mistura entre diferentes bebidas. Ele também eleva a produção de suco gástrico e causa úlceras, hemorragias e perfurações na parede do estômago a longo prazo.
O consumo frequente de álcool já está comprovadamente relacionado ao surgimento de alguns tipos de câncer, localizados no estômago, esôfago, laringe e pâncreas. Alcoólatras também têm risco aumentado de pancreatite aguda (inflamação severa do pâncreas), pancreatite crônica com dores abdominais permanentes, diabetes tipo 2, hepatite alcoólica e cirrose hepática.
O álcool altera o funcionamento do rim, reduz os níveis de hormônios antidiuréticos e causa desidratação.
Bebidas alcoólicas são ricas em calorias (7 calorias por grama de álcool) com escasso valor nutritivo. Isso quer dizer que o álcool não nutre mas elimina o apetite. Assim, a longo prazo, há risco de desnutrição e prejuízos à absorção de algumas vitaminas e minerais.
O álcool reduz a produção de glóbulos vermelhos e pode provocar anemia. Também diminui a produção de glóbulos brancos e provoca alterações no sistema imunológico, tornando o organismo mais vulnerável a infecções bacterianas e virais.
O excesso de álcool diminui a libido e a atividade sexual. Também altera os hormônios femininos, desregula o ciclo menstrual e causa infertilidade. Nos homens, além da impotência, há maiores riscos de ginecomastia (hipertrofia das glândulas mamárias).
O abuso de álcool durante a gravidez pode provocar a chamada síndrome alcoólica fetal. Essa condição provoca atrasos no crescimento do feto, malformações cardíacas, hepáticas, renais e oculares. No entanto, os maiores danos são ao sistema nervoso central do feto, trazendo risco elevado de retardo mental.
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